terça-feira, 4 de outubro de 2011

Ôôôô, ôôôô, ôôô Rock in Rioo

Quase não fui ao Rock in Rio. Devo confessar que bateu preguiça - e você vai entender o porquê. As orientações sobre o acesso (pelo menos pras pessoas com deficiência) não eram lá muito animadoras.
Agora vou descrever as opções de chegada e saída para o evento. Se você, camarada, estiver sem saco de ler tudo, ok, eu vou entender. Faz o seguinte, pula direto pro final que lá eu conto alguma coisa dos shows e tal.


De carro não ia ter como chegar perto da entrada. Se tivesse, seria pra desembarcar um coitado e depois vazar dali atrás de uma vaga. E se o motorista fosse um cadeirante conduzindo seu próprio automóvel até o festival? E se o deficiente em questão não tivesse condições de ficar esperando sozinho seu acompanhante voltar depois de estacionar o carro sabe-se lá onde? Enfim, tinha, sim, como estacionar no Riocentro - que fica em frente - ou ainda em um dos vários estacionamentos que surgiram na Estrada dos Bandeirantes (dez a vinte pratas o período).

Nos ônibus regulares, o perrengue de sempre (não tem santo que ensine os caras a manusear um elevadorzinho de nada), com os agravantes que vêm a reboque em um megaevento: mais engarrafamento, mais calor, mais confusão. O cabra chegava ao terminal Alvorada, pegava uma condução específica e depois trocava por uma van especial (da própria organização, que levaria somente pessoas com mobilidade reduzida) até a entrada. Tinham também as tais Linhas de Primeira Classe, que faziam o trajeto até a Cidade do Rock. Era só desembolsar R$ 35,00 (mais cinco contos se quisesse receber o bilhete em casa) e avisar pelo site o local e horário que pretendia usar a condução - era pra providenciar cadeiras de transbordo (?) pros cadeirantes poderem embarcar. Tinha como dar certo isso? Pois é, não deu. Não rolou esse papo de van, muito menos de marcar horário pela internet.

Teve gente que preferiu tentar os táxis. Primeiro que estava meio difícil encontrar taxista disponível (fosse na ida, fosse na volta). Depois que, talvez devido às dificuldades, o preço das corridas deu uma inflacionada. Só pra ilustrar, vai o exemplo da cooperativa que deveria facilitar a vida do cadeirante, única na cidade com carros adaptados. Eles fizeram uma espécie de tabela por regiões. Ida e volta daqui de casa até o evento saía por TREZENTOS PAUS! Não vou nem comentar.


Aqui acho que já dá pra voltar a ler.

A gente deu sorte; foi de carro, tranquilo. Pelo Recreio não tinha congestionamento. Deu pra parar o carango numa marmoraria que virou garagem ali pertinho de tudo. Dica da sempre sagaz Vanessa. Pra entrar foi molezinha, tinha uma passagem com rampa. Circular lá dentro também era fácil; o espaço era gigantesco, não havia degraus e, como piso, eles usaram parte grama sintética, parte pedra lisa, que formava caminhos facilitando a referência. Era sábado (01/10) e deu pra ouvir um som bacana - Arnaldo Antunes e Erasmo Carlos, Frejat, Maroon 5, Coldplay. Na hora do Manah, tiramos pra dar um rolé. Estava cheio, mas a equipe balizadora (Glorinha e Mariana) funcionou perfeitamente. Aí, Mari, domingo tem Fla-Flu no Engenhão, beleza? Tinha uma área (muito boa) reservada pra cadeirantes. E não tivemos dificuldades pra comprar comida, não teve tumulto nem nada. O banheiro é que foi o ponto negativo da coisa. O masculino, porque Gloria disse que o das senhoras estava padrão. Não tenho palavras pra descrever o que era aquele (único) banheiro (químico) pra cadeirantes (usado por todo mundo, sem restrição). Aliás, até tenho (palavras), mas vou quebrar o galho de vocês; cada um que use a sua imaginação mais fedida. Resumo do pagode: teve som pra todos os gostos; o ambiente era aquele de festival de música, todo mundo a fim de curtir e não de arrumar confusão (não vi um só bate-boca); o pessoal da produção não sabia informar nada direito, desde a história dos acessos até a área reservada (ninguém conhecia, não fosse uma moça simpática e prestativa, estaríamos procurando até agora); se os caras fizeram banheiro de alvenaria, não tinha como reservar um que coubesse uma cadeira de rodas? Um ÚNICO banheiro químico e liberado pra milhares de pessoas? Não dava pra colocar alguns na área própria pra pessoas com dificuldade de locomoção? Descaso total, não dá pra aliviar. Mas valeu a pena a experiência, ia me arrepender se não tivesse ido. Só da próxima vez vou ver se uso o serviço de helicópteros, que saíam do Galeão, Santos Dumont ou Lagoa e levavam dez minutos pra chegar lá. Custava somente nove mil reais por cabeça. Acho melhor começar logo a juntar dinheiro porque em 2013 tem mais, não é Sr. Roberto?