quarta-feira, 11 de maio de 2011

Coitado do moleque

Rodar por aí pela rua pode ser bem engraçado às vezes. Tem a vizinha que te acha “muito saidinho” (“num tá independente demais ele não?”). Tem a rapaziada do boteco que faz questão de falar contigo – tudo que é cachaceiro vira teu amigo de infância. Costumo sair pra um rolé pelas redondezas de vez em quando. É bom pra treinar passagem pelos obstáculos naturais urbanos. Minha mãe é companhia frequente. Essa semana o bebum virou pra ela e começou a reclamar (“tem que ajudar o cara, mané, tem que ajudar o cara”). Camarada, poupa a velha. Alivia porque ela está só me acompanhando. Ando com a sensação de que o Rio é que nem cidade do interior: todo mundo se cumprimenta; alguns até param pra conversar, mesmo sem te conhecer. Já ouvi muito deficiente que tem vergonha de sair porque as pessoas ficam olhando. Ficam mesmo, mas pode ser por vários motivos. Pode ser por curiosidade, pode ser por distração, pode ser que te conheça e não lembre de onde, pode ser paquera (por que não? Pode sim), pode ter gostado da tua camisa, pode até ser por pena, mas e daí? Eu, particularmente, não esquento muito minha cabeça com isso não. Acho que quanto mais a gente sair, mais natural vai ser pra todo mundo. Outro dia no metrô tinha um cara que parecia enrolado pra guardar suas coisas na mochila. Solidariedade de cadeirante, perguntei se precisava de ajuda. Tomei um fora. Eu e todo mundo que falou com ele. Aproveito a oportunidade pra esclarecer: Companheiro, eu não estava te seguindo; a estação que é grande e a saída é a mesma pra todos. Falando em gente esquisita teve aquela da mulher, o garoto e o carrinho de brinquedo. Esperando o elevador ela me vem com essa:

_ Ooolha, Juniiinho, o carrinho do moço é igual ao do neném.
_ Igual, igual – repetia Juninho apontando pra minha cadeira de rodas.
_ Éééé... Quando o neném crescer vai ter um igualzinho ao dele.

Tomara que não, Juninho, tomara que não.

2 comentários:

  1. Ótimo texto. Achei q ia te ver no dia do jogo. Saudade, me diz como posso te encontrar.

    Forte abraço
    Fábio Vinhas.

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  2. Valeu, Fabinho. Vou atrás de você no seu trabalho quando menos esperar. abração

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