terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Pelo Olho de Thundera

Domingo a gente tentou ir ao teatro. A Gloria comprou os ingressos com antecedência, eu liguei pra bilheteria explicando que sou cadeirante e tal, me deram uma senha de garantia, chegamos meia hora antes do sinal, mas mesmo assim não deu pra ver a peça. Os lugares reservados (?) eram num fosso sem a menor condição de entrar com a cadeira. A responsável de lá era uma tal de Kátia, que mais parecia o Mun Rá antes da transformação (os mais novos podem procurar no You Tube em Thundercats). Primeiro disseram que eu não informei minha condição de deficiente quando liguei (telefonei pra que então?), depois que chegaria um cadeirante-fantasma pra ocupar um único lugar razoável que havia disponível, aí vieram as famosas frases que pintam quando os despreparados não sabem o que fazer: "Ele não anda nem um pouquinho?", "O senhor pode ficar despreocupado que a gente desce o senhor lá pro buraco", "Vocês esperem o espetáculo começar que aí tá tudo escuro mesmo e não tem essa de lugar marcado...", "Fica tranquila que a gente vai arrumar um cantinho pra colocar ele". Aí Mun Rá deu mole porque foi falar isso logo pra Glorinha. A Chefe até que estava resistindo bem ao festival de constrangimentos a que estávamos sendo submetidos, mas essa de "a gente coloca ele num cantinho" foi demais pra ela. A vilã de desenho animado foi lembrada gentilmente de que eu estava ali na frente dela (chato mesmo esse lance de falarem de mim como se eu não estivesse ali), de que mesinha de centro é que a gente arrasta pro cantinho e de mais um ou outro fato que ilustrava o absurdo da situação. Como não havia mais clima pra assistir a peça nenhuma, pegamos o dinheiro de volta e fomos embora antes que chegasse o Escamoso, o Abutre ou o Simiano pra completar a quadrilha e dar uma força pra Kátia. Engraçado é que antes da lesão eu podia jurar que teatro era um lugar tranquilo pra quem tem dificuldade de locomoção. Afinal é o tipo de evento que, além de caro, recebe bastantes idosos. A gente já conferiu doze salas diferentes até agora e a única que reúne condições próximas do ideal é a do Teatro Fashion Mall. Isso não quer dizer que a gente não vá aos lugares; na maioria tem como dar um jeito. Tudo depende de como as pessoas te tratam: de boa vontade, bom senso e bom humor. Agora, voltar ao Shopping Barra Square (onde fica o citado teatro) só se for de Espada Justiceira em punho. O lugar tem pinta de galeria antiga: elevador que não cabe cadeira de rodas, vagas especiais ocupadas por qualquer um ("Corre lá porque cê sabe como é que é, né? Nego num respeita.") e Praça de Alimentação com restaurantes com degraus na entrada. Talvez por isso estava às moscas no último fim de semana antes do Natal.

4 comentários:

  1. Eu sei como é. Acho que é por isso que meus pais preferem não ir a lugar algum comigo. Acho que estão cheios do desrespeito, aí preferem não se arriscar.
    Shirley

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  2. Shirley, minha querida, se a gente for se deixar abater por causa desses malas, não faz mesmo nada nessa vida. Mas não deixa de sair não, conversa com seus pais porque tem muito lugar bacana também. Só rodando por aí, só sendo visto que a gente vai conseguir melhorar as coisas. E já tá melhorando; devagar mas tá.
    Um 2012 sensacional pra você e sua família, ok? abração

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  3. Po tenho impressão de que os Oi Futuro do Flamengo e Ipanema são bem adaptados, mas vim aqui só para dizer uma coisa que me ocorreu lendo: se eu fosse você tinha dado um jeito era de ir falar lá com os atores, não com a produção, com os atores ou o diretor. GARANTO (ou quase) que a peça não começava enquanto a mesinha de centro não estivesse devidamente abundada num lugar de Rei... será?

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    1. Eh mesmo, na hora nem pensei nisso, mas de repente era uma solução sim. Na próxima (se houver) tento falar com os atores e/ou diretor, também (quase) garanto que vai dar certo. Abracao

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