segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Suruba adaptada

Eu perguntei discretamente. Juro. Queria saber se podia usar o banheiro, mesmo tendo uma placa com símbolo de acessibilidade e tal. Só pra garantir. A resposta veio da tiazinha lá do outro lado do salão:
_ Pooode. Mas é o número um ou o número dois?
Disse isso sorrindo. Sabe aquela vozinha infantilizada que a gente usa pra falar com criança? Meio "o papá tá totozo, neném?". Então. Nem respondi; fui entrando. Todas as trinta pessoas no local voltaram a fazer o que estavam fazendo antes da cena. Mas banheiro pra cadeirante é um lance engraçado mesmo. Começa que nêgo acha que é depósito. A última cabine que usei tinha duas calças jeans (uma pendurada na porta, outra num cabide), um par de tênis, um retroprojetor quebrado, um cinto de couro, material de limpeza e um monte de cacareco jogado dentro de uma caixa térmica azul sem tampa. E o cheiro? Quase sempre é desagradável. Isso porque banheiro adaptado é a preferência nacional pra funcionários-que-estão-a-fim-de-soltar-um-barro-durante-o-expediente-de-trabalho. Já tive problemas com a luz também. Tem lugar onde a lâmpada apaga sozinha (aí é um tal de ficar balançando os braços numa coreografia ridícula pra ver se o sensor de movimentos resolve quebrar o teu galho). Outras vezes é um distraído que ao sair apaga a luz pensando que não tem mais ninguém no recinto. Por isso acabei pegando o hábito de mijar assoviando. As placas indicativas são meio confusas às vezes. Semana passada achei uma curiosa. A porta tinha o desenho de um cara ao lado de uma mulher ao lado de uma cadeira de rodas. Entrei, mesmo correndo o risco de deparar com uma suruba adaptada. Tem uma choperia na Barra onde o toilette feminino é junto com o de cadeirantes (masculinos ou femininos). Quando abri a porta tinha um bando de mulher nervosa querendo comer meu fígado. Já passei muito aperto. Cabine adaptada onde a cadeira não cabe, roda que sismou de quebrar na hora errada, funcionárias conversando à porta aberta do banheiro comigo dentro. Mas com o tempo a gente aprende e vai ficando esperto. Agora, retomando o assunto lá de cima, se é que ficou traço de curiosidade, esclareço: procurei o sanitário pra fazer o número um, ok? O número um.

6 comentários:

  1. MUITO BACANA O BLOG, VOCÊ ESTÁ DE PARABÉNS AMIGO EU SOU O DAMIÃO MARCOS DO SITE INCLUSÃO DIFERENTE.www.inclusaodiferente.net também faço trabalho de inclusão inclusive repaginando blog e deixando eles com uma cara mais profissional ,se tiver interesse entre em contato: cd_solo@yahoo.com.br um abraço

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    1. Valeu, Damião. Fui lá no Inclusão e já estou seguindo, iniciativa bacana a de vocês. Abração

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  2. Passa-se cada aperto!
    O negócio, é levar na brincadeira porque senão... Cabelos brancos, na certa.

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    1. No meu caso, Shirley, certa mesmo só a careca. Não sobraram muitos cabelos pra ficar brancos. Abração.

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  3. Taí uma coisa que também acharia curiosa ( se não fosse ridícula).. Por que a mania de algumas pessoas falarem com voz de criança se não se trata de uma ? Cara, que gente sem noção..eu hein/// Bjoka, Carlão

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    1. Pra você ver como tem maluco por aí. Saudade de você, menina. Beijo

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