Primeiro veio a Gangue das Louras, depois o Bando da Terceira Idade. Isso acabou me dando ideia. Resolvi criar a Quadrilha dos Cadeirantes. Vê só se não faz sentido: ninguém desconfia do coitado do deficiente. Hoje eu entro em agência bancária sem passar pelo detector de metais. Vem um funcionário e abre uma porta lateral pra mim. E pra viajar de avião? Também não me revistam. Vem um funcionário e abre uma porta lateral pra mim. Outro dia fui a um desses edifícios inteligentes, onde antes de entrar tem que passar no balcão pra tirar foto, fornecer dados pessoais, o escambau. Fui dispensado disso tudo. Veio um funcionário e abriu uma porta lateral pra mim. Ser invisível tem lá suas vantagens. Qualquer hora eu faço um teste: encho a mochila de arma, canivete, granada e entro num prédio desses só pra ver no que dá. Falta agora escolher a que modalidade de crime eu vou me dedicar. Pode ser terrorismo, golpe em caixa eletrônico, fraude em licitação... Pensando bem, com essa a gordinha fanfarrona já se deu mal no Fantástico. Melhor tomar cuidado com câmera escondida. Podia também tentar a sorte com as máquinas de bingo. Vou dar uma ligada pro Carlinhos Cachoeira... Acho que não... Foi num grampo desses que o Demóstenes rodou. Enfim, depois eu resolvo isso. Agora tenho é que selecionar uns três ou quatro camaradas pra tocar esse projeto de uma vez. Portanto, se você é cadeirante e está em busca de uma promissora carreira de crimes, favor enviar currículo com pretensão salarial para chefedaquadrilhadoscadeirantes@yahoo.com.br. Não exijo experiência, apenas boa vontade.