segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Para não dizer que não falei de rampas

Tem muita rampa por aí que é íngreme demais. Outras são feitas com material inadequado. Algumas são inacreditavelmente compridas. Já topei com várias delas que são tudo isso junto. Agora, com degrau é sacanagem. Imagina a situação: o cadeirante faz um esforço do cão para subir uma rampa e quando termina dá de cara com um degrau. Aí faz o quê? Trava a cadeira e decide se vai descer ou contar com a boa vontade de algum passante. Queria entender o que passa pela cabeça de quem constrói um troço desses. Deve achar que se o cara está numa cadeira de rodas, necessariamente tem que ter alguém tocando a cadeira para ele. O conceito de acessibilidade está ligado ao de inclusão. O cadeirante deveria poder circular sem precisar de auxílio. Você pode até dizer que sempre vai ter alguém para ajudar, para dar uma força. Só que o meu direito não passa pelo favor dos outros. Tem também que nem é seguro depender de terceiros. Às vezes quem ajuda acha que vai aguentar o peso, que sabe como ajudar... As rampas auxiliam não só os cadeirantes, mas os idosos, as gestantes, as mamães, papais e babás com seus carrinhos de bebê, os obesos, o craque da pelada que torceu o tornozelo, enfim, todo mundo, mais cedo ou mais tarde, vai se beneficiar com uma sociedade mais inclusiva. A rua é para todos.
Em tempo: as rampas devem ter superfície antiderrapante e a relação indicada é para cada 2,5 cm de altura, 30 cm de comprimento.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Cara de sorte

Acabei me acostumando com a situação, a cada vez que conto os acontecimentos recentes da minha vida: no espaço de uma semana eu perdi os movimentos e a sensibilidade nos membros inferiores, do tórax para baixo. Assim mesmo, de repente. Aos 37 anos, sem nunca ter tido qualquer problema de saúde, me vi paraplégico. E sem diagnóstico conclusivo. O interlocutor me encara com uma expressão que é misto de espanto e cumplicidade. Assim que dá, mudo de assunto e tudo certo. Não vou negar que tenha passado pela cabeça aquela história de "por que logo eu?", "que foi que eu fiz para merecer isso?". Confesso que cheguei a sentir pena desse cara tão azarado. Acontece que outro dia a tal expressão veio de uma moça tetraplégica, por sofrer um acidente de carro, que capotou quando ela e o namorado estavam a poucos metros de chegar em casa. Na esquina de casa. Só aí a ficha caiu. Eu sou mesmo é um iluminado. Agradeço todos os dias pela sorte que tenho na vida. Sorte pela esposa maravilhosa que tenho. Pela família, pelos amigos maravilhosos que tenho. Sou um privilegiado por ter um emprego, plano de saúde. Por ter sido bem orientado desde o início. Por morar num bairro onde posso me deslocar, onde a acessibilidade é bem razoável. Achava meu caso único, o mais incrível da história dos casos incríveis. Eu só parei de andar. Sem a dor envolvida numa batida de carro, um mergulho mal sucedido ou um tiro na coluna. Sem o trauma que deve vir junto. Tenho ouvido muitas histórias ultimamente, histórias de vida, de superação. E, até para minha surpresa, nunca com o peso da revolta. Sempre com um sorriso no olhar. Não vejo referência a tristeza. E é a essas pessoas que agradeço, de coração. A cada uma delas.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Transporte 4

Desde que você não tenha que embarcar em um avião, aeroporto é o paraíso para quem tem dificuldade de locomoção. Tudo direitinho, conforme o figurino. Agora, para viajar o cidadão tem que contar com a sorte. As companhias dizem oferecer serviço para atender essa parcela dos passageiros. Só que o que eu, em duas viagens que fizemos, pude perceber é que os funcionários não fazem ideia de como usar o pobre equipamento disponível. Tudo vai depender da boa vontade e sagacidade de quem estiver no comando da manobra. Se eu tiver que pegar uma kombi aqui em frente de casa, o método vai ser idêntico: alguém fica te olhando fixo por alguns instantes (e imagino o que passa pela cabeça do desafortunado) até convocar dois ou três passantes para ajudar com a carga. Comparada ao embarque, turbulência é molezinha.

Transporte 3

Aqui no Rio só tem uma cooperativa autorizada a transportar cadeirantes, com aquele equipamento que acopla a cadeira na traseira do carro. Pelo que pude apurar, só têm 49 táxis rodando por aí pelo Estado, apesar de haver 70 concessões do governo. Resumo da ópera: os carros nunca chegam no horário combinado, todas as corridas sofrem acréscimo de 20% em seu valor, as atendentes são umas despreparadas (o contato só pode ser feito por telefone) e, se precisar do serviço aos fins de semana, você certamente vai ficar na mão. Vai por mim, é bom ter um plano B na manga.

Transporte 2

Cada estação do Metrô tem seu método de acessibilidade. Algumas têm elevadores, outras um carrinho que vai descendo (ou subindo) com você até a plataforma, existe até uma espécie de esteira, meio mecânica, meio manual, que dá medo de subir na primeira vez, mas depois a gente se acostuma. A relação custo-benefício é positiva para os caras: é de graça, inclusive para o acompanhante, e os funcionários são muito atenciosos, preparados e educados.

Transporte 1

Ainda não andei de ônibus. Admito que me faltou disposição. Os relatos que ouvi até agora de quem utilizou esse meio de transporte não são lá muito animadores. Por isso mesmo eu já deveria ter testado. Falha minha que vou corrigir o mais rapidamente possível. Assim que rolar, posto aqui relato da experiência.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Teatros

Não entendo direito porque, via de regra, não se faz reserva por telefone para peças de teatro. Deve ter uma razão prática. De repente muita gente reservava e na hora H não aparecia, criando tumulto na bilheteria ou deixando um monte de buraco na plateia. Bem capaz. Geralmente você tem que passar por lá antes do espetáculo para escolher seu lugar na sala e só aí eles emitem o bilhete. A questão, nesse caso, é que para quem tem mesmo dificuldade de locomoção só é viável ir até o teatro no dia da apresentação. E aí, se não chegar com a devida antecedência, corre o risco de não encontrar um lugar adequado à sua condição (de cadeirante, por exemplo). E digo adequado porque o lugar destinado pode ser na frente de todo mundo, atrapalhando um monte de gente, causando desnecessário constrangimento. Os teatros que a gente conferiu são bem parecidos, mais ou menos a mesma coisa. O único que merece nota baixa é o da Casa de Cultura Laura Alvim: rampa íngreme à entrada, piso de pedra irregular para todo lado, elevador onde mal cabe uma cadeira de rodas, dois degraus bem altos na porta da sala... Quando a gente foi lá, reclamou. A administradora, espontaneamente, ficou de ligar em janeiro chamando para uma estreia, com os problemas da casa solucionados. Ainda estamos aguardando.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Shoppings

Já falei por aqui sobre a importante diferença entre os shoppings térreos, ou quase, e os em que elevador é fundamental. Repostando: "Os elevadores são disputadíssimos. Cadeirantes, idosos, carrinhos de bebê e afins, que deveriam ter prioridade, perdem a disputa para usuários que utilizam elevador por pura preguiça de andar até a escada rolante mais próxima. Se você está no primeiro piso, tudo bem. Só vai ter que forçar a barra para entrar na frente daqueles que fingem que não estão te vendo. Mas se estiver em outro andar qualquer, aí a coisa pode ficar feia para o seu lado. Vai ser um tal de elevador lotado subindo, elevador lotado descendo, e mais um pouco daquele papo de fingirem que não estão te vendo". O que tinha para dizer sobre o assunto, já disse. Só cabe acrescentar um detalhe sobre o Fashion Mall. Diga-se de passagem, um dos endereços mais caros da cidade. Acredita que tem degrau para entrar nas lojas de lá? Pois tem.

Lojas e Mercados

De repente eu estou até meio chato com isso, mas minha tolerância com estabelecimentos comerciais é quase zero. Veja bem, eu estou indo lá para consumir o produto. O mínimo que espero é que eu possa circular pelo ambiente e fazer minhas escolhas. Simples assim. Por esse ângulo, então, todo lugar deveria ser Cinco Estrelas, certo? Não fariam mais que sua obrigação. Aqui no blog a ideia é dar destaque para quem trabalha direito. Hoje, porém, faremos diferente ressaltando pontos que podem melhorar nos lugares que visitamos. Juba Luca é uma pequena papelaria em que tive que entrar outro dia. Seu pecado: degrau na entrada. Pecado, aliás, super comum por aí. Por que não se faz entrada sem degrau? Não sei. A Liga Retrô, como a maioria das lojas de shopping, não tem muito espaço, nem provador em tamanho adequado para uma cadeira de rodas ou andador, por exemplo. Pouco espaço destinado a lojas em shoppings não é o problema da Rupee Rupee. O que acontece por lá é que, talvez para dar um ar de modernidade, de loja descolada, além de um monte de almofada espalhada pelo chão, têm níveis diferentes de piso dentro da própria loja. Deve ser caro a beça fazer isso, mas não é muito funcional não. Acho todo Zona Sul que tem por aí meio estreito, não é não? A sensação que tenho é como se estivesse em um corredor, sei lá. Eu não sei como eles conseguem organizar as coisas com aquela disposição, só sei que é incompatível com um cadeirante. Está aí boa desculpa para não ir a mercado nunca mais...

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Eventos

Não fomos ainda a muitos eventos mas todos os que conferimos foram bem divertidos. Nem dá para escolher algum em especial porque cada um deles teve sua graça própria. Aprendemos a fazer bruschetta no Circuito Rio Show de Gastronomia. Um mergulho no mar da Barra dá a medida do que foi o Praia para Todos. Um passeio agradabilíssimo nos jardins do Museu da República no Primavera dos Livros. Chope de graça no Rio Botequim. E a primeira chuva do ano no Reveillon da Praia do Flamengo. Que venham outros e a gente vai curtir também, sempre com o maior prazer.

Estabelecimentos Saúde

Eu sei que é meio estranho esse campo no blog destinado a estabelecimentos na área de saúde, concordo. Mas, pode crer, tem motivo. Nos últimos tempos temos visitado, com mais frequência que gostaríamos, esses locais. E a gente acha que há, sim, dicas e comentários pertinentes a registrar. Destacamos, por exemplo, as únicas farmácias que fui (e já fui a muitas, acredite) com piso no mesmo nível da calçada ou rampa de acesso. Acredita que tem clínica e hospital onde o corredor é estreito, o elevador é pequeno (ou não funciona) e o banheiro não é adaptado? As honrosas exceções são o SARAH, o Hospital do Amparo e a Casa de Saúde São Carlos. Com relação aos laboratórios até que o nível é bom. Mas, como em alguns não tem espaço para a cadeira e a gente acaba trocando de roupa no corredor, tirando sangue na cozinha ou entrando pela garagem, só o Hélion Póvoa e o Sérgio Franco conseguiram Cinco Estrelas. Para mim, campeão mesmo é o consultório particular, especializado em Esclerose Múltipla, onde mal cabe cadeira de rodas (todas as pessoas têm que sair para você entrar, surreal) e no banheiro talvez não fique uma pessoa em pé. NeuroRio, o troféu é seu.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Cinemas

Apesar de gostar muito de cinema a gente acabou só indo a dois até agora: o Cinemark Botafogo e o Unibanco Arteplex. E a questão é, basicamente, financeira. Cinema está muito caro para o meu gosto. Tem o Clube do Professor (com sessões gratuitas), promoção do Itaú (meia entrada), estacionamento gratuito (para deficientes, no Botafogo Praia Shopping). Característica comum a todas as salas: o local reservado a cadeirantes é ainda mais à frente da primeira fila, ou seja, coladão na tela. Com o tempo acostuma. Parece que têm pelo menos duas exceções na cidade: o Roxy, tradicional cinema de rua em Copacabana, e as salas do Shopping Grande Rio. A conferir.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Centros Culturais

Estão aí locais que a gente sempre gostou de frequentar. Não sei dizer se o carioca aproveita bem seus Centros Culturais. Geralmente são de fácil localização, oferecem programação para toda a família, gratuita ou bem barata, sem contar que um pouco de cultura nunca fez mal a ninguém. Sempre está rolando algo interessante. Pois bem. Acontece que, no que diz respeito a acessibilidade, nem todos estão assim tão bem colocados. Já postei aqui que somos fãs do Instituto Moreira Salles. Dos que a gente conferiu, é o único Cinco Estrelas. O MAM é muito bacana, só está faltando um elevador para substituir aquela rampa (íngreme e interminável) que dá acesso a uma área de eventos que a gente foi outro dia. Ainda vou fazer um post só sobre rampas. Os jardins do Palácio do Catete são de uma tranquilidade indescritível. Só não tem como visitar o museu propriamente dito. Vá lá, construção antiga... No Centro Cultural dos Correios está tudo certinho: elevador, banheiro, piso, rampas. O que estraga é o acesso ao prédio, que se dá pelos fundos, numa rua de pedras (muito) irregulares, um saco. A Casa de Cultura Laura Alvim é a que me parece mais distante de uma solução razoável. Os problemas passam pelo piso (com mais dessas pedras irregulares), um elevador inviável e rampas (de novo elas) também inadequadas. Fica aí o toque para que os administradores tenham um pouco mais de carinho com esses detalhes que são tão importantes para uma parcela significativa de usuários.

Bares e Restaurantes

Todo mundo que me conhece sabe que sempre gostei de um bar. Continuo gostando. Por isso já conferimos vários. Tantos que dá até para dividir em categorias. Têm aqueles que não são Cinco Estrelas por detalhe, caso do Balada Mix, Caldo Beleza, Chez Younez, Confeitaria Colombo, Drink Café, Papizzo , Paraíso do Chopp e Via China. Em todos eles, alguma medida super simples resolve o problema. As devidas sugestões já foram dadas aos respectivos gerentes. Têm também os que apresentam dois de três problemas (alguns até os três simultaneamente): mesas próximas demais umas das outras, degrau onde devia/podia haver rampa e falta de banheiros (adaptados ou não). Há casos curiosos de rampas que são verdadeiras ladeiras (Cruzeiro do Sul e Círculo Militar) ou banheiros destinados a mulheres e/ou (isso mesmo) portadores de necessidades especiais (Sportv Point). Já tomou uma cerveja na Mureta da Urca? Deixei por último o caso que mais me intriga. A calçada é destruída. Só por um milagre aparece vaga para estacionar nas ruas próximas. O ponto final de algumas linhas de ônibus fica justamente em frente à rampa de acesso à calçada (destruída, já disse?). Nunca tem espaço junto ao balcão (alto demais) para fazer os pedidos. Se entrar numa de subir para o restaurante (climatizado), esquece: fila de espera e escadaria completamente inviáveis. Acontece que simplesmente não dá para deixar de ir ao Bar Urca. Tira um dia de sol e vai lá para conferir e diz se eu não tenho razão.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Um pouco mais de ar livre

O post de áreas ao ar livre já saiu e disse que não tinha nenhum local 100% para indicar. Pois é, não tinha. A gente conferiu dois lugares que valem a visita: a Feira de São Cristóvão e o Forte de Copacabana. Para começar é barato (deficiente não paga e acompanhante R$ 4,00, no Forte, e R$ 2,00, na Feira). Estacionamento com vaga preferencial e banheiros adaptados. Diversão garantida. Para quem curte Chorinho, tem um pessoal que se apresenta domingo lá no Forte com um som que é bom demais, uma vista linda e ainda é de grátis.