Estava no boteco aqui do lado de casa e eis que ele me abordou. Esticou a mão para cumprimentar e perguntou se eu estava bem. Respondi que sim e devolvi a pergunta:
_ E contigo, tudo certo?
_ Mais ou menos, né... Acabei de enterrar meu pai. Ele tava no ônibus e infartou...
_ Bicho, não sei nem o que te dizer... Meus sentimentos...
Nunca tinha falado com ele. Sei que mora no meu prédio, mas nunca tinha falado com ele. Até imagino como estava se sentindo. Perdi meu pai quando tinha mais ou menos sua idade. O cara estava sozinho. Parece que a mãe já estava descendo. Devia estar querendo conversar... Não sei que link ele fez para me escolher em meio a tanta gente. Acho que rola uma afinidade entre quem passa por dificuldades. A gente se torna meio cúmplice na hora do aperto. É como se me dissesse: "Eu tô te vendo aí nessa cadeira. Sei que tá sendo difícil. Mas olha, eu tô sofrendo também". Pensava nisso enquanto ele falava. Não disse seu nome, nem perguntou o meu. Foi ideia do pai que chegasse do enterro e parasse num bar para tomar uma cerveja com os amigos. Parece que virou meu amigo agora. O chope de hoje foi um pouco em homenagem ao pai do garoto. Portanto, um brinde a eles!
Carlos,
ResponderExcluirSolidariedade sempre nos une. E é nos momentos mais difíceis que ela mais se faz presente... Poderia ser assim em todos os locais e todos os dias, não é?
Grande abraço,
Allan
P.S: Acredito que conheço mais você, do que me conhece. Saiba que sempre torci de camarote por você, pela Glória. Fico feliz de ver a positividade nas suas palavras. Continue sempre assim!
Valeu mesmo pela força, Allan. abração
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