terça-feira, 1 de março de 2011

A fisioterapeuta do cara da novela

Eu jurava que quando alguém fica paralítico o problema era só da cintura para baixo. As pernas não mexem, mas vida que segue. Pois a coisa não é bem assim. Junto com a paralisia vem uma penca de coisa a reboque. Faz parte da bronca. Tem um lance que chamam de controle (equilíbrio) de tronco, que você simplesmente perde. Depois melhora, mas perde. Outra coisa muito estranha é que você não deixa propriamente de sentir os membros. O sistema nervoso fica maluco e manda impulso o tempo todo, só que tudo descoordenado. Aí é um tal de choque, formigamento, espasmo, trimilique... Até acostumar é meio chato. E para usar o banheiro? Não vou entrar no detalhe, só digo que o negócio é trabalhoso. Muito trabalhoso. E envolve desde uma alimentação e hidratação adequadas até sondas e massagens abdominais. Requer muita informação, disciplina, tempo e esforço equacionar a coisa toda. Mesmo assim, deu mole... Sem contar que a gente passa a conviver com um monte de fantasmas: infecção urinária, úlcera de pressão (escara), novas lesões. Eu mesmo tenho um sonho recorrente onde meu avião cai no mar e sobrevivo à queda, mas vou morrer afogado porque não sei bater perninha. É mole? Cada deficiência tem sua especificidade. Cada um sente (ou não sente) de um jeito. Então, só para retomar o assunto das rampas, acho que o que falta é informação. Eu mesmo, antes da lesão, não fazia ideia da gama de questões envolvidas no tema. As coisas estão melhorando a cada dia, e não o contrário. Tem muita gente boa por aí fazendo e divulgando coisas incríveis e acho que o caminho é esse: quanto mais informação, mais as coisas vão se aperfeiçoando. Enquanto isso eu vou procurar a fisioterapeuta do cara da novela para ver se ela me ensina a nadar. Estou pensando em viajar no carnaval e vai que...

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