segunda-feira, 14 de março de 2011

Vá ao teatro (e me chame)

Fim de ano, campanha Teatro para Todos rolando. A gente entrou numa de assistir à peça Mente Mentira na Casa de Cultura Laura Alvim. Era uma das primeiras vezes que nos aventurávamos a sair sozinhos, acho até que era a primeira. Saímos cedo de casa e fomos para o metrô, estação Flamengo. O elevador, que acabara de ser inaugurado depois de meses em obra, já estava quebrado (fiquei sabendo depois que o problema era que ninguém sabia com quem estava a chave que abria o negócio). Me desceram para a plataforma num aparelho que é meio manual, meio mecânico; meio esteira, meio rodinhas. Tranquilo, já tinha usado outras vezes. A Gloria é que ficou meio assustada com o sistema. A Laura Alvim está indicada na Veja Rio como local acessível. Quem disse isso nunca andou numa cadeira de rodas. O lugar pode ser qualquer coisa, menos acessível. Piso, rampas, banheiro, nada ali facilita as coisas para um cadeirante. Muito pelo contrário. Com a educação de um javali do mato, o cara do guichê me informa que não tinha essa de lugar preferencial não. "Parceiro, para resolver seu caso só a administradora. Próximooo..." Cabe aqui um esclarecimento: eu não estava tentando nenhuma vantagem especial. Só queria evitar o constrangimento de ficar atrapalhando a visão de alguém. Isso já aconteceu e é muito chato. A tal administradora chegou. E bem a tempo, pois o pessoal na fila já estava me olhando de cara feia (tinha uma mulher lá que desconfio que tinha a cara feia assim mesmo, sei lá). Tudo mais ou menos, até chegar ao elevador. Quem disse que a cadeira entrava? Quase tiveram que quebrar um pedaço da porta, mas deu para subir. A cereja do bolo foram dois degraus que ficam bem na entrada da sala. Mesmo com ajuda fica complicado. Assisti ao espetáculo junto à porta, animado pelo entra-e-sai da galera. Esperando por dois funcionários que pudessem ajudar na saída, Glorinha aproveitou para emitir sua opinião sobre a Casa. Falou tanto que a tal administradora prometeu ligar convidando para uma nova peça que iria estreiar em janeiro, quando tudo já estaria adequado a receber todo tipo de público. Acho que o título da peça, Mente Mentira, foi ela que deu. Só para completar, o elevador da estação Ipanema do metrô não estava funcionando. Os funcionários deram uma de João Sem Braço e saíram de fininho porque tinham acabado de auxiliar outra cadeirante a descer pela escada rolante e eles certamente não tinham a menor intenção de se esforçar mais que o necessário. Demos o nosso jeito lá e ficou tudo certo. A aventura nos ensinou uma lição: não vale a pena se estressar por bobagem. O lance é enxergar o lado divertido de tudo e aguardar o próximo evento.

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