quarta-feira, 2 de março de 2011

Red Bull te dá aasaaaas

A cena é sempre a mesma. A pessoa fica te olhando por uns instantes, coça o queixo ou a cabeça e dispara:


_ Mas você não mexe nada?
_ Não, meu amigo, nada.
_ Nada, né...
_ Nada.
_ O senhor não sobe escadas?
_ Não, não subo.
_ Vai precisar de algum auxílio, alguma ajuda...
_ ...


O cadeirante está sempre sujeito ao improviso. A gente é minoria, eu sei, por isso quase nunca os locais ou as pessoas estão preparados para nos receber. Acaba que no final rola um mutirão e te carregam meio que no colo mesmo. Tudo mais ou menos não fossem os comentários que saem antes da solução do problema. Bicho, é cada pergunta... Sabe quando você está só pensando e quando vê já falou em voz alta o que não devia? A impressão que eu tenho é essa. É isso ou o cara está de sacanagem comigo. Se eu conseguisse andar só aquele espacinho, subir só aquele degrauzinho, não estaria de cadeira de rodas, pescou? Vou descolar uma cadeira com rodão e motor envenenado ou começar a beber aquele energético da televisão. Quem sabe assim eu não supero os obstáculos e paro de ouvir abobrinha?

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